terça-feira, 11 de outubro de 2011

A Criança, o Pônei e o Cão


Queridos Alunos,

continuo corrigindo provas. Este e outro acontecimento departamental recente me fizeram pensar muito em vocês, em mim, em nós, no passado e no futuro. No nosso e no da Universidade. Sigo, como vocês podem perceber, contemplativa e ensimesmada (ou seria emimesmada?). Será isso o que eles chamam de midlife crisis?

De todo modo, ontem, ao pensar nisso tudo, me lembrei demais de um episódio ancestral. (NOTA de 13/10/2011: Estava tão atarantada quando postei isso, que esqueci de dizer que se tratava de uma homenagem ao dia das crianças, claro! Um viva a todas as criancinhas humanas sábias que existem no planeta! E vou até melhorar o título, para que tudo fique muito mais claro...)

Esta doce criaturinha mordendo o beiço inferior e montada num pônei, que ilustra a postagem de hoje, é a Micaela, em todo o esplendor de seus dois aninhos e meio de vida. Um belo dia, ela resolveu uma vez mais testar minha autoridade materna. Estávamos num hotel fazenda e eu tinha um desejo singelo: queria uma foto dela montada no pônei. Só isso. Do pônei fez-se porém um cavalo-de-batalha, e o que se seguiu foi um diálogo de mais ou menos meia hora, que pode ser condensado nos seguintes argumentos, contra-argumentos e novos argumentos (teses, antíteses e sínteses), tudo no melhor estilo dialético:


Eu: "Você vai andar no pônei!"
Ela: "Não vou!"
Eu: "Sobe!"
Ela: "Não subo!"
Eu: "Monta!"
Ela: "Não monto!"
Eu: "Por favor, filhinha..."
Ela: "Não!"
Eu: "Eu estou te pedindo..."
Ela: "Já disse que não!"
Eu: "Então você vai ficar de castigo!"
Ela: "Não vou!"

E o ciclo inteirinho se reiniciava...

Depois de muito pelejar, e quando já estava prestes a ser vencida pelo cansaço, deu-se um daqueles momentos mágicos, em que o próprio tempo parece querer parar, com o único propósito de não perder nenhum mínimo detalhe da cena. Foi por isso que o que veio em seguida aconteceu em slowmotion. Apareceu um cão, do nada. Era um pastor alemão enorme: um bicho bonito, lustroso, bem cuidado mesmo. Com certeza fazia parte da bicharada do hotel e era manso, mas ele era realmente enooooorme... Passou devagarinho (em câmera lenta, lembram?), bem rente a nós quatro: o pônei, o cuidador, ela e eu. Ela, petrificada, em pé, ao pé do pônei, não movia um músculo. Apenas os olhinhos acompanhavam a direção que o cachorro ia tomando. Quando ele finalmente desapareceu numa curva, e só então, o tempo se recuperou, voltando à sua marcha habitual. Foi aí que ela virou-se para mim, muito resoluta, e disse: "Tudo bem, tudo bem: eu subo! Mas no CACHORRO eu não ando não!!!!!!!"

A moral da história? Lá vai: mesmo criancinhas na mais tenra idade já sabem (ou intuem) que tudo, absolutamente tudo na vida, por pior que pareça ser, sempre pode piorar...

Se a tragédia realmente se confirmar, voltaremos a falar neste assunto, ok?

Abs,
Brena.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Professora, há outro contato se não este para tirar dúvidas? (estou falando principalmente para tirar dúvidas sobre o texto do seminário).
    Att,

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  3. André,
    desculpe. Não tinha visto isso aqui. Pegue meu e-mail na página do CNM, ok?
    Brena.

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