segunda-feira, 6 de abril de 2015

Deus é racional



Queridos Alunos,

nesse feriado descobri que Deus agiu racionalmente ao punir Adão e Eva, expulsando-os do paraíso. Bom, isso segundo o raciocínio da indução reversa. Acompanhem as setinhas pontilhadas na árvore decisória que fiz, abaixo. Ela representa o desenrolar da história, tal como é apresentada na Bíblia, logo após Adão e Eva terem provado do fruto proibido. As demais setas representam outros possíveis cursos de ação (ou estratégias), por parte dos jogadores.

A interpretação das recompensas do jogo em cada uma das sequências de decisões, começando pelo ramo mais à esquerda da árvore é a seguinte:

·      Adão e Eva obedecem Deus: as recompensas de { 3 ; 5 } representam { Adão e Eva fiéis; Deus satisfeito }
·   Adão e Eva  desobedecem Deus  Deus interroga Adão Adão e Eva negam a culpa: as recompensas de { 2 ; 2 } representam { Adão e Eva infiéis e desonestos ; Deus severo },
·     Adão e Eva desobedecem Deus  Deus interroga Adão   Adão e Eva admitem a culpa e pedem perdão   Deus mata Adão e Eva: { 1 ; 3 } representam { Adão e Eva infiéis porém honestos e arrependidos ; Deus severo e inclemente },
·      Adão e Eva desobedecem Deus   Deus interroga Adão   Adão e Eva admitem a culpa e pedem perdão  Deus pune Adão e Eva: as recompensas de { 4 ; 4 } representam { Adão e Eva infiéis porém honestos e arrependidos; Deus imparcial},
·     Adão e Eva desobedecem Deus  Deus interroga Adão   Adão e Eva admitem a culpa e pedem perdão  Deus ignora desobediência: as recompensas de { 5; 1 } representam { Adão e Eva infiéis, honestos, arrependidos, porém muito felizes por terem comido o fruto proibido e não terem sido punidos ; Deus fraco },

      Aqueles que conhecem a indução reversa sabem que o jogador deve decidir o que fará no presente analisando, no "futuro", quais as consequências de suas ações, e sempre buscando maximizar suas recompensas, naturalmente. Pelas recompensas do jogo, percebe-se que, para Deus, se tivesse que escolher entre ser intransigente, justo ou fraco, a saída do meio era, de longe, a melhor... O jogo se resolve em { 4 ; 4 } e foi esse também o desfecho da história da Bíblia.

Tudo veio de um livro muito bacana, que traz vários exemplos da racionalidade divina:

BRAMS, S. Biblical Games: Game Theory and the Hebrew Bible. Cambridge: The MIT Press, 1980.

Bom, agora temos certeza que Deus é racional, mas da próxima vez descobriremos que o Indiana Jones nem tanto...

Bye,
Brena.

3 comentários:

  1. Gostei do Blog e das análises dos exemplos na Teoria dos Jogos, nos quais sou totalmente leigo! Sou de ciências biológicas, mas adoro a interação do equilíbrio de Nash no campo saúde/biologia! Continue, por favor, com seu trabalho! Parabéns! Boa sorte!

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    1. Olá Erick, desculpe! Só vi seu comentário agora! E que bom que você gostou: fico contente. Na verdade, estou no momento trabalhando em outro livro de Teoria dos Jogos. Então, continuo sim trabalhando nisso. rsrsrs. Abraços!

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    2. Olá Erick, desculpe! Só vi seu comentário agora! E que bom que você gostou: fico contente. Na verdade, estou no momento trabalhando em outro livro de Teoria dos Jogos. Então, continuo sim trabalhando nisso. rsrsrs. Abraços!

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