domingo, 25 de novembro de 2012

Johnny Depp e o Postulado da Racionalidade na Economia



Queridos Alunos,

os seres humanos (descontando os insanos) são racionais, certo? Mas o que significa dizer isso? O conceito de agente racional é a pedra-de-toque de toda a teoria clássica da decisão. Mas o que o senso comum entende por "racionalidade" não necessariamente possui o mesmo significado que os filósofos e os economistas atribuem ao termo.

Via de regra, diz-se que uma pessoa é racional quando o seu comportamento é calmo, ponderado, sensato, lógico, coerente. Um filósofo da teoria da decisão diria que a racionalidade vincula-se à noção de "adequação à situação-problema". Já para um economista os agentes racionais possuem um atributo a mais: são auto-interessados, no sentido de compararem escolhas e buscarem sempre aquelas capazes de maximizar seus benefícios próprios e minimizar seus custos.

Vamos tentar um exemplo bem simplesinho para que vocês entendam esse negócio direito. Suponhamos que uma das meninas pretendesse definir o que fazer na próxima sexta à noite. Ela gostaria muito de jantar com uma companhia masculina e tem três opções em mente:

1. Jantar com o Johnny Depp, que é um dos seus atores preferidos (além de ser o mais gato de todos os rapazes que ela já viu nesta vida),
2. jantar com um vizinho seu, também gatinho (e sempre tão gentil), e finalmente
3. jantar com um amigo da sua melhor amiga, meio mala, que vive pedindo a ela que apresente os dois.

Como vocês aprenderam nas aulinhas de Micro, esta lista de preferências da minha aluna imaginária obedece ao critério da completude, pois todas as possíveis ações estão hierarquizadas (sendo a indiferença entre duas ou mais ações também possível). E precisa atender também ao critério da transitividade: se jantar com o Johnny é preferível a jantar com o vizinho gatinho, e jantar com o vizinho é preferível a jantar com o mala, então obviamente jantar com o Johnny precisa ser preferível a jantar com o mala. Temos então: Johnny > Vizinho-gatinho > Mala-amigo-da-amiga. Estes critérios precisam ser obedecidos, caso contrário não haverá a menor chance de conseguirmos prever a ação escolhida.

Mas não é só isso. Precisamos também admitir que minha aluna hipotética consiga calcular as probabilidades de cada curso de ação que ela tenha em mente para que possa haver uma ação racional. Dizemos por isso que uma ação ótima será aquela com maior probabilidade de proporcionar aquilo que mais queremos. No nosso exemplo, atribuir probabilidades às ações é bem simples. Vejamos: conseguir um encontro com o Johnny não será nada fácil (praticamente impossível, se quisermos ser bem realistas), com o vizinho gentil, bem mais provável, e com o mala, cem por cento seguro. Sendo assim, ela terá maximizado sua utilidade e consequentemente agido racionalmente se resolveu jantar com o vizinho.

Aqui foi fácil, mas nem sempre é assim. Dará certo sempre? É verdade que as pessoas agirão dessa maneira em todas as decisões que tomarem e ações que empreenderem? Não. Há mi-lha-res de problemas envolvidos nisso. Mas, como eu também não canso de dizer, onde está o mandamento dizendo que alguma coisa nessa nossa vidinha seria fácil, hein? hein? hein?

A música tema de hoje, inegavelmente, é este pout pourri aqui. Primeiro, porque eu adoro o Lenine. Depois, porque será mesmo de Pernambuco que o mundo inteirinho saberá um pouco mais sobre o postulado da racionalidade, depois dos 20 minutos a que terei direito no dia 12/12/12. Profético isso, não? Hehehehehe.



Quem viver, verá.

Brena.