Queridos Alunos,
nesse feriado descobri que Deus agiu racionalmente ao punir Adão e Eva, expulsando-os do paraíso. Bom, isso segundo o raciocínio da indução reversa. Acompanhem as setinhas pontilhadas na árvore decisória que fiz, abaixo. Ela representa o desenrolar da história, tal como é apresentada na Bíblia, logo após Adão e Eva terem provado do fruto proibido. As demais setas representam outros possíveis cursos de ação (ou estratégias), por parte dos jogadores.
A interpretação
das recompensas do jogo em cada uma das sequências de decisões, começando pelo
ramo mais à esquerda da árvore é a seguinte:
· Adão e Eva obedecem
Deus: as recompensas de { 3 ; 5 } representam { Adão e Eva fiéis; Deus
satisfeito }
· Adão e Eva desobedecem
Deus → Deus interroga Adão
→ Adão e Eva negam a culpa: as recompensas de { 2 ; 2 } representam { Adão e Eva infiéis e desonestos ; Deus severo },
· Adão e Eva desobedecem
Deus → Deus interroga Adão → Adão e Eva admitem
a culpa e pedem perdão → Deus mata Adão
e Eva: { 1 ; 3 } representam { Adão e Eva infiéis porém honestos e
arrependidos ; Deus severo e inclemente },
· Adão e Eva desobedecem
Deus → Deus interroga Adão → Adão e Eva admitem
a culpa e pedem perdão → Deus pune Adão
e Eva: as recompensas de { 4 ; 4 } representam { Adão e Eva infiéis porém honestos e
arrependidos; Deus imparcial},
· Adão e Eva desobedecem
Deus → Deus interroga Adão → Adão e Eva admitem
a culpa e pedem perdão → Deus ignora
desobediência: as recompensas de { 5; 1 } representam { Adão e Eva infiéis, honestos, arrependidos, porém muito felizes por terem comido o fruto proibido e não terem sido punidos
; Deus fraco },
Aqueles que conhecem a indução reversa sabem que o jogador deve decidir o que fará no presente analisando, no "futuro", quais as consequências de suas ações, e sempre buscando maximizar suas recompensas, naturalmente. Pelas recompensas do jogo, percebe-se que, para Deus, se tivesse que escolher entre ser intransigente, justo ou fraco, a saída do meio era, de longe, a melhor... O jogo se resolve em { 4 ; 4 } e foi esse também o desfecho da história da Bíblia.
Tudo veio de um livro muito bacana, que traz vários exemplos da racionalidade divina:
BRAMS, S. Biblical Games: Game Theory and the
Hebrew Bible. Cambridge: The MIT Press, 1980.
Bom, agora temos certeza que Deus é racional, mas da próxima vez descobriremos que o Indiana Jones nem tanto...
Bye,
Brena.